DEMÔNIO SAI COM JEJUM?
Pr. Érico Rodolpho Bussinger
Quando Jesus subiu ao monte a fim de se transfigurar ante os olhos de Pedro, Tiago e João, os demais apóstolos, acompanhados de outros inúmeros discípulos, permaneceram no sopé do monte. Foi nesse ínterim que apareceu um homem trazendo seu filho endemoninhado, para que Jesus o libertasse. Não encontrando o Mestre ali, o homem deixou que os discípulos tentassem expulsar aquele demônio. Após uma batalha espiritual que pode ter sido longa, o demônio conseguiu se segurar e não sair do menino. Parece-nos óbvio que a falação e a confusão tomaram conta do ambiente.
Quando Jesus desceu e viu a multidão, perguntou-lhes acerca do ocorrido. O próprio interessado na libertação do filho tomou a palavra e se dirigiu a Jesus: …”teus discípulos não puderam expelir o demônio” (Mc.9:18). Jesus, como já era de se esperar, expulsou o demônio e restaurou o jovem ao seu pai, são e liberto.
Ao ser questionado porque os discípulos não puderam libertar o menino, Jesus nos presenteou com a profunda explicação: …”aquela casta de demônio não pode sair senão por meio de oração (e jejum).” Mc.9:29. O episódio é citado também por Mateus e Lucas.
Para se entender o assunto, devemos nos reportar ao restante da Bíblia para analisar a atuação dos demônios. Eles pertencem a várias hierarquias e se organizam em grupos, que se distribuem para melhor conseguirem seus desígnios. Há, portanto, demônios “mais” graduados e outros demônios “menos” graduados em poder. No topo está o “arcanjo” Lúcifer. Para se expulsar um demônio, tem-se que ter o poder ou autoridade espiritual suficiente. Se o demônio é menos graduado (ou se tem menos afinidade com a pessoa) será mais fácil expulsá-lo. Se for mais graduado, acredito que terá mais poder para permanecer e resistir, bem como deverá ter o apoio de seus outros demônios “subordinados”. O esforço espiritual necessário para expulsá-lo, nesse caso, será muito maior. A questão envolvida nessa batalha espiritual, portanto, é de poder espiritual.
Como se consegue mais poder ou autoridade espiritual? Este é um dos grandes temas do Novo Testamento. Em resumo, todo poder emana de Deus e foi dado a Jesus (Mt.28:18). Jesus colocou esse poder à disposição dos que crêem (At.1:8). Pelo se encher do Espírito Santo, o cristão crescerá em poder (Ef.5:18). Em outras palavras, o poder já foi derramado com o Espírito Santo, está à nossa disposição, mas precisa ser buscado. O poder espiritual vem através de uma vida de oração e em geral se manifesta pelos dons espirituais.
O jejum não é a fonte do poder, mas ajuda na vida de oração. Orar de barriga cheia não costuma ser eficaz. A abstinência espontânea de comida demonstra para Deus o empenho do cristão em ter poder espiritual. E Deus se agrada disso.
Mas o teste mesmo do poder espiritual se vê nos frutos e resultados. O demônio não sai? Está faltando poder. Ele nem se manifesta, conseguindo enganar a todos? Pior ainda. O crente não consegue evangelizar? Não consegue convencer ninguém? Com ele ninguém se converte? Então está faltando muito poder. E é evidente que oração também. Falta oração em qualidade e em quantidade. Com toda certeza, 5 minutos de oração não darão o poder necessário para “desentocar” e expulsar certos demônios.
Você quer vencer os demônios? (desentocá-los e expulsá-los?) Você quer conseguir conversões? Então tem que buscar o poder espiritual para isso. E vai ter que desenvolver uma vida de oração. Aí então verá como o jejum vai ajudar.
Caso contrário, se o seu projeto de vida inclui apenas ser um crente de assistir reunião, com toda certeza a oração não vai ser necessária para você e o jejum muito menos.